Blog dos candidatos à diretoria da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, no biênio 2011/13. Por mais Ciência, Educação e Cultura
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Resultado das eleições
- Dora Fix Ventura e Ennio Candotti, como vice-presidentes;
- Edna Castro e Maria Lucia Maciel, como secretárias.
Os eleitos reiteram seu compromisso com os 70 pontos sugeridos para um Programa de Ação da SBPC.
Leia a última mensagem dos envolvidos na campanha SBPC em todo o Brasil:
"Concluídas as eleições, contados os votos, eleitos Helena, Ennio, Dora, Rute, Edna, Luca, Aleixo, Zé Raimundo e Adalberto, resta agradecer a todos os que se empenharam em apoiar os candidatos, ler programas, assinar manifestos e recordar ideias e princípios. Diretrizes, metas e compromissos não faltam, escritos ou e-postados.
Uma decepção: somente 1.500 dos 3.800 sócios quites votaram! Apesar dos numerosos apelos e dos escritos que circularam, poucos responderam.
Curioso, a SBPC é uma Sociedade que congrega seus associados em torno de ideais. Todos, em princípio, imaginamos que deveriam estar motivados a participar. Não foi isso que ocorreu.
Entender é preciso. Devemos reencontrar o diálogo com a maioria dos sócios que não expressou seu voto. É mais um compromisso para o próximo biênio.
Por outro lado, o grande número de sócios e amigos que subscreveu o nosso manifesto e o manifesto de Helena revela que temos, os eleitos, uma torcida numerosa e determinada... Que nos observará e cobrará os compromissos assumidos. Isso é bom, não deixará ninguém 'dormir no ponto' e cimentará o dialogo solidário entre os eleitos."
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Cum grano salis
Concluímos nossa campanha, apresentamos ideias, propostas concretas e defendemos princípios. A própria SBPC esteve no centro do debate: sua política de C&T e suas responsabilidades sociais.
A descentralização, a sua presença em todo o Brasil orienta nosso programa. A SBPC se empenhou nas últimas décadas para que a interiorização das instituições de C&T e de Ensino Superior fosse um programa de Governo.
Queremos agora participar de sua implementação cum grano salis. Esta é uma das nossas propostas, há mais dez.
Agradecemos agora aos associados e conselheiros que nos indicaram como candidatos, aos sócios e sócias que votaram em nós (ou que estão prestes a fazê-lo) e aos mais de 400 que assinaram o nosso manifesto, assim como a todos os que debateram conosco os 70 pontos no extenso programa que publicamos neste blog (leia aqui).
Subscrevem o Programa SBPC em Todo o Brasil: Luiz Pinguelli Rosa, candidato a presidente; Dora Fix Ventura e Ennio Candotti, candidatos a vice-presidentes; Edna Castro, Gustavo Lins Ribeiro, Maria Lucia Maciel e Sérgio Bampi, candidatos a Secretários.
Pesquisadores apoiam campanha
O movimento "SBPC em Todo o Brasil" já recebeu centenas de manifestações de apoio. Entre aqueles que firmaram nosso documento base (leia aqui), estão:
Lygia da Veiga Pereira
Carlos Morel
Roberto Lent
Carlos Nelson Coutinho
Maria da Conceição Tavares
Hélgio Trindade
José Vicente Tavares dos Santos
Aloísio Teixeira
Darcy Fontoura de Almeida
Osvaldo Augusto Brazil Esteves Sant'Anna
Barbara Freitag Rouanet
Reinaldo Guimarães
Luís Roberto Cardoso de Oliveira
Alfredo Tiomno Tolmasquim
Ima Vieira
Marilene Correa
Alberto Passos Guimarães Filho
Cesar Guimarães
Maria Celia Pires Costa
Dulce Pandolfi
Alzira Alves de Abreu
José Sergio Leite Lopes
Miriam Grossi
Rita Mesquita
Heloisa Buarque de Hollanda
Sidarta Ribeiro
Stevens Rehen
Luiz Bevilacqua
Mauricio Tiomno Tolmasquim
Maria Filomena Gregori
Ligia Bahia
Alfredo Wagner de Almeida
Wanderley de Souza
Armenio Aguiar
Ruben Aldrovandi
Apoie também a campanha:
http://www.peticaopublica.com.br/?pi=20112013
segunda-feira, 30 de maio de 2011
Descentralizar é o futuro que pode começar hoje
Estamos concluindo nossa campanha, que apresentou ideias e propostas concretas. Esperamos ter contribuído para debater a própria SBPC, seus rumos políticos e suas responsabilidades científicas e sociais.
Luiz Pinguelli Rosa – candidato a presidente
quinta-feira, 26 de maio de 2011
Carta de Apoio ao veto dado pela Presidente Dilma às mudanças no Código Florestal
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Associação Brasileira da Ciência (ABC) se uniram para pedir mais tempo para que dados cientifícos corroborem mudanças na atual lei. Elas afirmaram que não foram convidadas a participar do debate, iniciado em 2010, na comissão montada para elaborar um projeto de lei."
* Trecho da matéria publicada no Jornal O Globo, 20/05/2011, por Catarina Alencastro
Confira abaixo a carta na íntegra
terça-feira, 24 de maio de 2011
A SBPC internacional
Nosso planeta é uma casquinha de noz, atolada entre insanidades e esperanças.
E muita gente, pública e privada, insiste em tratar o contraditório planeta como se fosse de ferro, infinito, normal, responsável e pudesse suportar toda a insensatez humana. Acontece que esse vasto mundão velho de guerra, cada vez mais mundinho, nunca esteve tão a perigo na história da nossa espécie quanto está hoje. A saída, onde está a saída?, berram corações e mentes.
Edgar Morin acaba de lançar um livro, tratando de buscar “a via capaz de salvar a humanidade dos desastres que a ameaçam”. Para mostrar otimismo já de cara, recorre a Patrick Viveret: “A humanidade por si própria é, ao mesmo tempo, seu pior inimigo e sua melhor chance”.
Não é sorte, portanto, nem fé, nem certeza. É apenas chance. Creio que Morin está certo: “A gigantesca crise planetária é a crise da humanidade que não chega a ascender à humanidade”. E o que é pior: “Os bárbaros, inimigos da humanidade, estão hoje em atividade eruptiva”. E eles não são necessariamente fundamentalistas apenas do Oriente Médio. Há fundamentalistas ainda mais poderosos no proclamado Ocidente democrático e/ou na decantada civilização judaico-cristã.
Mesmo assim, ou por isso mesmo, ainda temos chance. É um alívio, sim. Mas vamos ter que ralar muito para aproveitá-la ainda em tempo.
A SBPC, comprometida com a inteligência humana, a ciência e o conhecimento expresso em diferentes culturas, não pode ficar alheia a um momento crucial da vida da Terra com toda essa riqueza de culturas, tradições, avanços e potencialidades que há dentro de sua invejável redoma de solos, subsolos, biodiversidades e atmosfera, aparentemente única no universo.
Há, pois, que pensar grande – política, econômica, científica, cultural e ambientalmente. Nossa condenação é, ao mesmo tempo, nossa salvação.
Não se trata de trocar o Brasil pelo mundo, mas de colocar o Brasil no mundo e o mundo no Brasil, sempre e cada vez mais, e respeitando invariavelmente “o laço indissolúvel entre a unidade e a diversidade humana”, como bem recomenda Morin.
Não é assim que se galga um piso superior de humanidade?
Precisamos nos tornar uma bela e competente coleção de sopros e até de minuanos, se possível, reforçando os ventos das mudanças globais indispensáveis, sobretudo no acesso ao conhecimento pelo mundo inteiro. E pela aplicação da Carta das Nações Unidas que, por exemplo, proíbe o uso da força para resolver qualquer litígio entre os países.
Quantos milhões de vidas as desigualdades, discriminações, injustiças e arbitrariedades já destroçaram em todos os meridianos nos últimos 20 anos, para não ir mais longe?
Podemos e devemos desenvolver ampla política de cooperação regional e global, pacífica e construtiva. Nossa congênere nos EUA, a American Association for the Advancement of Science (AAAS), vem trabalhando com a diplomacia da ciência. Por que não estabelecer uma colaboração SBPC-AAAS neste campo de tolerância, compreensão e equidade?
A SBPC já tem grata experiência nas relações regionais. Nos anos 70, enfrentou a questão nuclear, junto com físicos argentinos. Nos anos 80, antecipou-se aos acordos Brasil-Argentina, aproximando as comunidades científicas dos dois países e ajudando a criação em Buenos Aires da “Ciencia Hoy”, coirmã da nossa “Ciência Hoje”.
Em 2004, começamos os Encontros Regionais “Ciência, Tecnologia e Sociedade” (CTS), na área do Mercosul, mais o Chile. Já houve cinco: dois na Argentina, dois no Uruguai e um no Brasil. Todos estimulando a cooperação em pesquisas de interesse comum em pós-graduação, biotecnologias, nanotecnologias, águas subterrâneas, oceanos, geologia, divulgação científica, ciências sociais, atividades espaciais.
Um dos grandes resultados de tais eventos foi a criação do Centro Brasileiro-Argentino de Nanotecnologia, proposta pelo Celso Melo (ex-diretor do CNPq e hoje presidente da Sociedade Brasileira de Física) já no primeiro evento, o de 2004.
O 6º Encontro deve realizar-se na Argentina, no fim do corrente ano. Que assim seja.
Se a experiência foi tão boa, por que não fazer o mesmo na região Norte, promovendo intercâmbios com Bolívia, Venezuela, Peru, Equador, Colômbia, Guianas e até a Guiana francesa?
Por que não participar ativamente do esforço pioneiro da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), estrategicamente sediada em Foz do Iguaçu, e da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL), novo instrumento para alavancar a aliança continental?
Por que não apoiar fortemente a moderização do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) e seu acordo de cooperação com a Argentina, aberto a todos os países da América Latina?
Por que não apoiar o Programa Latino-Americano de Física, lançado pela Sociedade Brasileira de Física (SBF), com o prometido amparo do Ministério da Ciência e Tecnologia?
Por que não apoiar a cooperação Sul/Sul em CT&I, em especial com China, Índia, África do Sul e demais países africanos – em particular com os de língua portuguesa. Por que não manter contatos com os pesquisadores e tecnólogos desses países, em nível de comunidade?
Por que não propor e levar adiante programas de cooperação com entidades similares dos EUA, Europa e Ásia, que fomentem e enriqueçam as relações entre nossos países em áreas essenciais para o nosso avanço em CT&I?
Por que não entrar de cabeça na epopeia, já iniciada, da internacionalização da atividade científica e tecnológica do Brasil, conscientes e ativos na defesa dos legítimos interesses do país?
Por que não apoiar com firmeza a entrada no Brasil na Organização Europeia de Pesquisa Nuclear (CERN) e na Organização Europeia de Pesquisa Astronômica no Hemisfério Austral (ESO), que com certeza mudarão o patamar da ciência feita em nosso país?
Claro, não é fácil implementar tamanha programação. Por isso, precisamos, aqui também, da descentralização. Podemos compor uma grande e competente equipe de relações internacionais, com grupos especializados para atender diferentes regiões do mundo. Uma possibilidade é mobilizar pesquisadores, professores e estudantes dos cursos de Relações Internacionais, Direito e Economia Internacional, que hoje proliferam em todo o país.
Seria uma novíssima frente de trabalho, plena de atualidade, estudos, tensões e práticas sem precedentes, em perfeita sintonia com a intensíssima globalização atual e com as derradeiras oportunidades de transformações neste decisivo século XXI – justo aquele que nos tocou viver.
Vamos perder uma chance dessas?
Com toda essa esperança, subscrevo o manifesto “SBPC em todo o Brasil, por mais ciência, educação e cultura”, ao lado de Luiz Pinguelli Rosa, candidato a Presidente; Dora Ventura e Ennio Candotti, candidatos a Vice-Presidente; Maria Lucia Maciel, Edna Castro, Sergio Bampi e Gustavo Lins Ribeiro, candidatos aos cargos da Secretaria.
Campanha SBPC em Todo o Brasil
Além delas, manifestaram pessoalmente ao prof. Luiz Pinguelli Rosa apoio à candidatura à SBPC os seguintes nomes:
José Goldemberg - USP
Rogério Cerqueira Leite - UNICAMP
Wanderley de Souza - UFRJ
Nelson Maculan - COPPE/UFRJ
Luiz Bevilaqua - COPPE/UFRJ
Para assinar o manifesto, clique aqui.
Mande também seu apoio via e-mail: sbpcemtodobrasil@gmail.com
"Ameaça à pesquisa", artigo de Wanderley de Souza, professor da UFRJ (O Globo, 21/5)
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Conhecimento como bem público
Mais ciência, educação e cultura para todos significa que, além de produzir mais e melhor ciência, precisamos lutar para que haja maior acesso à informação e ao conhecimento científico e tecnológico.
A circulação social de informação científica e maior atenção ao ensino de ciências –dentro e fora das escolas – contribuem, no médio e longo prazos, ao aumento da própria produção de ciência assim como à formação de novas gerações de cientistas. Conhecimento que circula gera conhecimento novo.
O alcance da circulação e do acesso diz respeito a problemas que precisam ser amplamente discutidos e resolvidos. Entre outros:
Divulgação da ciência – É preciso fazer pressão para que os jornais, revistas, televisão e rádio abram espaço maior para a ciência produzida no Brasil e no mundo, incluindo processos, controvérsias e contextos da sua produção.
Controvérsias e polêmicas têm conseqüências práticas de alta relevância: a utilização dos organismos trangênicos na agricultura, o emprego de animais clonados na pecuária, o uso de células-tronco na medicina, a retomada das usinas nucleares, a transposição do rio São Francisco, a interrupção (ou redução) do desmatamento, o ensino da Teoria da Evolução na rede escolar, a continuidade das linhas de pesquisa em biomedicina e biologia experimental, os riscos implícitos nas nanotecnologias, o Código Florestal, para citar apenas alguns.
A distribuição do conhecimento e a redução das desigualdades sociais são hoje aspectos reciprocamente necessários e indispensáveis ao desenvolvimento. Inclusão social, econômica e política, bem como a consciência cidadã, dependem hoje em dia, em grande parte, de conhecimento científico suficiente para entender e avaliar, com capacidade de apreciação crítica, as interferências da ciência e da tecnologia tanto na vida quotidiana quanto nas contradições do contexto social, político e econômico do país e do mundo.
Como disse Ennio Candotti, a ciência “deve ser de domínio público para que se possa verificar sua validade, riscos e benefícios”.
Valorização pelas agências – A SBPC deverá pressionar as agências financiadoras brasileiras (CNPq, Capes, FAPs, etc.) para que estimulem os cientistas a divulgar para o grande público, por todos os canais e meios possíveis, os resultados de suas pesquisas.
Atualmente, as agências governamentais que apóiam a pesquisa científica no Brasil adotam critérios e mecanismos rigorosos para a avaliação e apoio aos pesquisadores do país, sendo o principal deles a produção científica. Mas só é valorizada a produção publicada em periódicos científicos altamente especializados, preferencialmente estrangeiros.
O resultado é uma corrida cada vez mais acirrada em direção a publicações cada vez mais especializadas – e portanto a um público cada vez menor.
É necessário rever os mecanismos de avaliação, colocando como critério para análise de projetos e pesquisadores a divulgação para um público amplo dos resultados da pesquisa; e incluindo nos formulários de coleta de informações e currículos um item sobre divulgação científica que valorize essa produção.
Propriedade intelectual e acesso livre – Este é outro aspecto, bastante complexo, da circulação do conhecimento científico a ser discutido nas esferas governamentais e em meios de comunicação. A SBPC deverá participar ativamente dessa discussão e apoiar a circulação do conhecimento científico.
Coloca-se aqui o desafio da desconcentração do conhecimento, tanto entre países quanto entre regiões.
Devem ser considerados:
1) as alternativas hoje em debate para a flexibilização do atual regime internacional de proteção de direitos de propriedade intelectual (DPI);
2) acesso à literatura científica internacional e à visibilidade internacional da produção científica e tecnológica dos países em desenvolvimento;
3) novas práticas e formas de cooperação técnico-científica interpessoais e interinstitucionais que contribuem para romper as barreiras à circulação desse conhecimento.
Contra os diversos mecanismos nacionais e internacionais implementados para a privatização do conhecimento, este deve continuar sendo um bem público – para todos.
Subscrevo o manifesto “SBPC em todo o Brasil por mais ciência, educação e cultura”, juntamente com Luiz Pinguelli Rosa (candidato a presidente), Dora Fix Ventura e Ennio Candotti (vice-presidentes), e Edna Castro, Gustavo Lins Ribeiro e Sergio Bampi, candidatos aos postos de Secretaria.
domingo, 22 de maio de 2011
SBPC e a internacionalização da ciência
Caros amigos,
A presença da SBPC na luta pelo progresso científico em nosso país é histórica, presente e inquestionável. Com um passado de defesa do desenvolvimento científico e tecnológico, a SBPC fala em nome dos cientistas brasileiros e é ouvida pelos poderes constituídos e pela sociedade em geral.
É tempo de ampliar essa presença nacional para o âmbito regional, pela associação com sociedades congêneres, especialmente as dos países vizinhos, cujos problemas e metas em muito se assemelham aos nossos. A SBPC se fortalece ao atravessar as fronteiras e unir sua voz à dos cientistas vizinhos.
Uma das realizações mais relevantes de nossa atuação anterior na SBPC, ao lado da importante criação das Reuniões Regionais, foi a interação com os cientistas de países da região latino-americana. Com o nome de “Ciencia, Tecnologia e Sociedade”, organizamos quatro encontros da SBPC em conjunto com associações congêneres da Argentina, Uruguai e Chile, dois deles em Buenos Aires, um em Montevidéu e um em Porto Alegre.
Nesses encontros foram abordados temas escolhidos pelos participantes por sua grande relevância para os países envolvidos, como: biotecnologia, energia, geologia, matemática, metrologia e certificação de qualidade, nanotecnologias, desenho industrial, propriedade intelectual e patentes, recursos aquáticos, tecnologia para a saúde, neurobiologia, ciências sociais, tecnologias de informação e comunicação, popularização da C&T, museus de ciência, biodiversidade, ensino de ciências.
Os resultados destas reuniões foram tanto ações governamentais bilaterais, estimulando a colaboração entre as comunidades científicas desses países, como o resgate para nós mesmos de vínculos suspensos pelas turbulências políticas vividas pelos países sul-americanos.
Novos intercâmbios ocorreram e colaborações antigas retornaram renovadas, encontrando lugar num outro cenário, em que é imperativo para a região unirmos esforços para ajuda mútua e para uma presença internacional mais significativa.
É parte importante da nossa agenda para a SBPC a internacionalização das discussões sobre política científica e gestão de C&T.
Juntos nessa e nas demais propostas veiculadas pelo programa SBPC em Todo o Brasil, contamos com seu voto.
Subscrevem o Programa SBPC em Todo o Brasil os candidatos: Luiz Pinguelli Rosa (presidente), Dora Fix Ventura e Ennio Candotti (vice-presidentes), e os candidatos a secretários Edna Castro, Gustavo Lins Ribeiro, Maria Lucia Maciel e Sergio Bampi.
SBPC e Educação
Espero, com muita convicção, que a nossa chapa avance nestes desafios.
Abraços do
Prof. Luciano Mendes de Faria Filho
sexta-feira, 20 de maio de 2011
Descentralizar é o centro
As Secretarias Regionais da SBPC ativas eram 23, hoje são bem menos. Em apenas dez delas realizam-se eleições. A SBPC deveria estar presente em todos os Estados – são 27. Não está. Será que falta interesse dos sócios nos diferentes estados pelos destinos locais da ciência, educação e meio ambiente, ou falta interesse da Diretoria em instalar lá representações da Sociedade?
quinta-feira, 19 de maio de 2011
SBPC deve assumir o debate dos grandes problemas brasileiros
O grande desafio da ciência brasileira é avançar no conhecimento, posicionando-se na fronteira. Precisamos nos ombrear com o que está sendo feito no mundo inteiro, porque a ciência é internacionalizada. Ao mesmo tempo, essa produção de conhecimento precisa estar sintonizada com os interesses do país.
O Brasil tem uma dívida social imensa. Mesmo com o inegável avanço dos últimos anos, quando conseguimos retirar da pobreza extrema cerca de 30 milhões de brasileiros, há ainda muitos milhões de brasileiros em situação precária. Mesmo esses 30 milhões que saíram da pobreza estão em situação diferente daquela da grande classe média da região Sudeste, da região Sul.
Hoje o Brasil está se especializando na produção de produtos primários. Exportamos soja, exportamos minério de ferro e alguns poucos produtos industrializados – aviões da Embraer, veículos automotores etc. Enquanto isso, países como a Coréia do Sul e principalmente a China, que estavam em situação igual ou pior que a do Brasil há poucas décadas, hoje estão se industrializando rapidamente, fabricando produtos de alto valor agregado com conteúdo tecnológico, formando muitos milhões de engenheiros.
Na última Reunião Anual da Academia Brasileira de Ciências, em maio último, nas exposições dos ministros Aloísio Mercadante, Fernando Haddad e do presidente da Capes, nosso colega acadêmico Jorge Guimarães, debatemos que há um déficit de engenheiros no Brasil. Na conta de engenheiros por mil habitantes, estamos muito atrás (como eu falei) da Coréia e da China, por exemplo.
A meu ver a SBPC deve atuar em torno de três grandes eixos: a ciência – e junto dela a tecnologia e a inovação –, a educação e o meio ambiente, que sem dúvida nenhuma é um problema importantíssimo para o Brasil. Nosso país tem de equacionar a questão do meio ambiente e ao mesmo tempo retirar essa grande camada da população da extrema pobreza. Todos nós brasileiros merecemos o mesmo nível de vida. A SBPC tem que orientar esse debate.
Fui apresentado pelo Conselho como candidato e aceitei porque acho que se deve estimular o debate, ampliando o papel da SBPC nos grandes temas nacionais que estão colocados. Respeito a Helena Nader – presidente da SBPC desde fevereiro de 2011 e candidata a novo mandato – até mesmo porque ela veio da gestão do Marco Antônio Raupp, que me apoia e eu considero uma pessoa extremamente importante para a SBPC e com quem tenho grande identidade de pontos de vista. Mas acho que é necessário debater mais essas questões que apontei.
Participei muito das campanhas e atividades da SBPC na sua história. Fui secretário-geral da Sociedade Brasileira de Física por dois mandatos – um deles com o José Goldemberg [presidente da Sociedade Brasileira de Física de 1975 a 1979] e outro com o Mário Schenberg [1914-1990, presidente da Sociedade Brasileira de Física entre 1979 e 1981], Goldemberg presidiu depois a SBPC em um momento de intenso debate sobre o Acordo Nuclear com a Alemanha. Schenberg é considerado por muitos um dos fundadores da física teórica mais importantes do Brasil, e que foi inclusive personagem histórico da esquerda brasileira.
Vivi naquele tempo a transformação da SBPC – como também da Sociedade Brasileira de Física – na direção de assumir os grandes temas nacionais, que eram ligados basicamente à resistência à ditadura. É claro que os problemas hoje são outros, são mais diversificados. Há, por exemplo, o Código Florestal – tema sobre o qual a SBPC e a Academia Brasileira de Ciências não poderiam ter deixado de se manifestar. Mas eu acho que se tem de ir muito mais adiante.
O grande problema do país não é mais a resistência a alguma coisa, mas sim a construção de um novo projeto de país. Avançamos muito, mas há ainda muitas questões em aberto, há muito que ser feito nas questões transversais, como ciência, tecnologia e inovação, educação e meio ambiente. Em síntese, penso que a SBPC deve assumir abertamente o debate dos grandes temas nacionais a partir dessas questões.
segunda-feira, 16 de maio de 2011
70 desafios à SBPC
2. Apoiar a criação e consolidação de Centros de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico e instituições de ensino superior nas diferentes regiões, bem como promover o intercâmbio e a cooperação entre eles.
3. Em colaboração com as Sociedades Científicas, dar aos jovens condições para, ao se instalarem nestes novos centros, criarem grupos de pesquisa e trabalharem para o desenvolvimento científico e tecnológico nacional e regional.
4. Defender a criação ou consolidação das FAPs; apoiar a participação da comunidade científica
5. Incentivar a pesquisa nos laboratórios ambientais da sócio e biodiversidade, rios, lagos, florestas e oceanos.
6. Reformar a legislação e liberalizar o acesso e coleta na biodiversidade com vistas a permitir e incentivar o avanço do conhecimento e da educação ambiental.
7. Lutar pela autonomia e desburocratização na universidade e institutos.
8. Ampliar a formação de professores e a abertura das escolas à sociedade, promovendo educação continuada de adultos e cidadãos.
9. Promover Reuniões Regionais, entendidas como laboratórios de educação, e colher informações para dar apoio à fixação dos jovens doutores e grupos de pesquisa no interior.
10. Popularização da ciência: promover a criação de museus e centros de ciência, programas de TV e rádio e revistas de divulgação científica, Jardins Botânicos e Parques Zoobotânicos.
11. Consolidar as publicações da Sociedade: Ciência e Cultura, Jornal da Ciência eletrônico e impresso no Rio e filiais, manter atualizado o site www.sbpcnet.org.br, a publicação de cadernos sobre temas específicos e resumos dos debates das Reuniões Anuais.
12. Obedecer a princípios éticos dos direitos humanos e o respeito à diversidade, cultural e social.
13. Reerguer as Secretarias Regionais com a participação dos conselheiros, promovendo com elas a articulação das atividades da SBPC nos Estados e a interlocução com os movimentos sociais.
14. Manter uma representação permanente no Congresso e uma atuação dinâmica no Conselho Nacional de C&T, subsidiadas por escritório de apoio em Brasília.
15. Criar um Observatório da C&T e um SBPC Data, com a missão de monitorar orçamentos da C&T, FAPs, empregos em instituições de ensino superior, cooperação nacional e internacional, atuação e cooperação das Sociedades Científicas.
16. Retomar e ampliar o Projeto memória da SBPC e da institucionalização da ciência no Brasil.
17. Promover a cooperação com as Sociedades Científicas na Reunião Anual e nas Reuniões Regionais.
18. Estimular a cooperação com China, Índia, Rússia, América Latina, África etc. e sociedades científicas congêneres destes países.
I – C&T
20. Os recursos cresceram, a economia cresceu também, verifica-se hoje ligeiro retrocesso: os ajustes orçamentários da economia exigem sacrifícios, o orçamento da C&T foi reduzido.
21. Com o reequilíbrio da economia, será preciso retomar as negociações do orçamento nos níveis previstos para 2011. Os programas cancelados (por conta dos cortes) devem ser examinados, evitando-se reduções lineares.
22. Preservar o propósito de atingir a meta dos 2% do PIB para C&T, pois há atrasos históricos a recuperar e a competição internacional o exige.
23. Três fatores, pelo menos, contribuem para desenvolver o país: a) consolidação das instituições científicas; b) formação acelerada de recursos humanos na graduação e pós-graduação; c) desburocratização do ordenamento administrativo do governo.
24. O desenvolvimento depende também de entendimento social que propicie educação, distribuição de renda e defenda com rigor os princípios dos direitos humanos, em todos os níveis e classes sociais.
26. Indicadores internacionais e locais da C&T mostram crescimento veloz da produção científica e tecnológica, mas os da educação estão estagnados em patamares modestos (vergonhosos).
27. É difícil encontrar formas de contornar os obstáculos que impedem o desenvolvimento da educação (além dos salários e da formação de professores). Faltam instrumentos estaduais flexíveis e seletivos para o fomento da educação (que é responsabilidade estadual), como FAPs e CAPES para a educação básica (A CAPES do B ainda não disse a que veio).
28. Há que reformar a ordem burocrática, que na área acadêmica e científica mais se assemelha a um sistema de vigilância e cerceamento, tanto nas universidades como nos institutos.
30. Grande número de novos pesquisadores, recém-formados e doutorados, devem construir sólidas bases de desenvolvimento científico e tecnológico nas regiões situadas fora dos pólos de desenvolvimento científico no centro sul.
32. As FAPs são um bom instrumento para promover estabilidade e continuidade dos programas de desenvolvimento científico nos estados. Sua autonomia deve ser defendida.
33. As FAPs e os orçamentos carecem de acompanhamento e divulgação e mobilizações em defesa do cumprimento dos dispositivos constitucionais conquistados em início dos anos 90 com a inclusão nas Constituintes estaduais de dispositivos que garantem a elas repasses vinculados de recursos.
34. Fundos Setoriais: há dez anos não se criam novos fundos. Já foram propostos os fundos do sistema financeiro, transportes urbanos, saneamento, recursos aquáticos (considerando a água como insumo mineral e energético), automotivo, ocupação urbana, construção civil.
II – MEIO AMBIENTE
35. O cuidado com o meio ambiente deve ser associado à melhoria da qualidade de vida da população local. Deve-se evitar que ações de origem antrópica provoquem a deterioração dos ambientes, do ar e das águas interiores, subterrâneas e oceânicas.
36. Considerando que mudanças climáticas vêm sendo insistentemente observadas com consequências sensíveis nos ambientes do planeta, há que mitigar os impactos ambientais de origem antrópica.
38. Promover a contenção da expansão urbana predatória e especulativa, que compromete o desenvolvimento regional equilibrado e a preservação do meio ambiente, social e econômico. Em particular nas cidades pequenas do interior.
39. Para fins de pesquisa e educação, promover a liberalização responsável das leis de acesso e coleta nos ambientes ricos de diversidade biológica. A reforma dessa legislação arrasta-se há quase dez anos nos corredores do Governo, sem perspectivas positivas, retardando avanços do conhecimento na área sócio-ambiental.
40. Propiciar e defender o reconhecimento dos direitos sobre os conhecimentos tradicionais e culturais, que, nos foros internacionais, vem recebendo crescente proteção e estímulo à sua reprodução.
41. Promover a livre circulação das ideias e conhecimentos científicos, proteger o domínio público das informações. Isso é essencial quando crescem nos foros mundiais (OMC) limitações à livre circulação da informação.
42. As restrições cerceiam a produção científica e a avaliação pública de riscos e benefícios das aplicações técnicas dos conhecimentos e o acesso a medicamentos baratos. Impedem também aos países pobres o livre acesso a medicamentos genéricos baratos.
43. Garantir acesso à energia limpa e produzida com respeito aos direitos sociais e ambientais. As políticas de exploração dos potenciais hidrelétricos não têm levado desenvolvimento às suas regiões.
44. Será realizado no Rio, em
III – EDUCAÇÃO
47. É preciso aproximar os dois movimentos para que as RR, além da função de fortalecer os grupos de pesquisa, sejam autênticos laboratórios itinerantes do movimento pela educação, formação de professores e reconhecimento das diversidades culturais e sociais.
48. As RR devem também promover novas iniciativas nos estados, para o bem da educação formal e não formal, como museus, centros de ciências, jardins botânicos, planetários, oficinas de ciência e cultura, CVTs, pontos de cultura, casas verdes, programas de divulgação científica etc.
50. Manter a Sede
51. Nossas publicações devem ser apoiadas e consolidadas: Ciência & Cultura, Jornal da Ciência, JC e-mail, pagina web. Atualizar e renovar os projetos editoriais é sempre oportuna, mas é preciso obedecer a critérios de continuidade e melhoria, preservando a memória e evitando centralizações indesejáveis.
54. Preservar as competências estabelecidas, inovar com garantias de continuidade, mobilidade e representatividade, e oferecer aos sócios e amigos da SBPC espaços de expressão e divulgação de ideias, a fim de alimentar suas políticas para C&T, ambiente, educação.
55. O Jornal da Ciência, órgão da SBPC, deve ser aberto à comunidade científica e tecnológica. Seu Conselho Editorial deve nomeado pelo Conselho da SBPC, para garantir autonomia responsável e competente, bem como estabilidade em suas diretrizes editoriais.
56. Criar o Observatório de Políticas Públicas, Orçamentos de C&T, Ambiente e educação, com o SBPC Data, para reunir séries históricas de orçamentos, registrar e divulgar postos de trabalho nas universidades periféricas, monitorar as atividades sobre C&T no Congresso Nacional, acompanhar o trabalho das FAPs e prover subsídios para orientar a participação da SBPC no Conselho Nacional de C&T.
57. SBPC Memória deve dar continuidade e ampliar o programa da Sociedade, iniciado em 2004, reunindo arquivos e documentos da história da SBPC, fotografias, vídeos, registros, depoimentos de personagens que marcaram a vida da Sociedade.
58. Promover ampla descentralização das atividades e iniciativas da SBPC, colaborar com as Secretarias Regionais (SRs) na busca de recursos, para financiar atividades específicas, junto às FAPs e Secretarias de C&T, Educação e Meio Ambiente.
59. Dar às SRs papel central no apoio à fixação e consolidação de grupos de pesquisa nos estados, em especial nas universidades do interior.
61. Revitalizar as SRs como representantes da SBPC nos estados: eram 23 em 2005, hoje são realizadas eleições
63. Congregar as Sociedades Científicas para formar grupos de pressão, preservando suas especificidades e atuando conjuntamente em questões de interesse comum, particularmente no Congresso Nacional e nos Estados.
64. Promover a realização de consultas populares para avaliação de riscos, vantagens e impactos socioambientais de grandes projetos de desenvolvimento e participar delas ativamente.
V – COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
68. Programa similar deveria ser realizado na região Norte, promovendo o intercâmbio com Bolívia, Venezuela, Peru, Equador, Colômbia, Guianas. A SBPC pode e deve contribuir para o êxito da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) e da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL). E apoiar o projeto de ampliação do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron e seu acordo de cooperação com a Argentina e com outros países da América Latina.
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Manifesto SBPC em todo o Brasil, por mais ciência, educação e cultura
5) Propor a criação de novos Fundos Setoriais para financiar o avanço da C&T e da educação em todos os níveis;
11) Resgatar o papel da cooperação internacional da SBPC, retomando os encontros “Ciência, Tecnologia e Sociedade”, já realizados na Argentina, Uruguai e Brasil, bem como lançando pontes para a UNASUL (União das Nações Latino-Americanas) e para instituições de C&T africanas, a começar pela África do Sul.